Chapada Diamantina


Simples assim: a Chapada Diamantina é um dos lugares mais lindos do Brasil.




Feriadão de 12 de Outubro de 2011. Aproveitei dois dias que ainda tinha para tirar das férias do ano passado e promoção da Gol para retornar à Chapada, depois de cinco anos. Agora, em companhia do meu filhote, já um pré rapaz!

Nessa minha quarta visita, em uma época diferente das visitas anteriores, a primavera deu lugar aos verões chuvosos e a paisagem encontrava-se mais seca e as cachoeiras mais minguadas. A cidade de Lencois menos movimentada e os turistas estrangeiros em menor quantidade.

Os quatro dias passaram voando... Chegamos em Salvador na sexta a noite e o atraso da Gol quase nos fez perder o ônibus para Lençois que saiu às 23:30. Logo após Feira de Santana, um acidente horroroso na estrada nos fez parar por quase duas horas até que limpassem a estrada. Dois caminhões colidiram frontalmente, os dois motoristas morreram na hora e o óleo diesel se espalhou. Com isso, chegamos ao destino às 7:30 ao invés de 5:30. A idéia inicial era chegar cedo pra tirar um soninho antes de sair em busca de um roteiro para o sábado. Como dormimos mal no busão, mudamos os planos: dormimos até às 10 e saímos a cata de um café da manhã. A maioria das lojas estava fechada, até que encontramos a Dona Joaninha, que aplacou nossa fome com um gostoso café preto e queijo quente.

Seguimos por conta própria para o Serrano. O rio estava tão seco, que subimos pela trilha, mas descemos pelo próprio rio. Tiramos o resto do dia pra bater perna pela cidade, inclusive pra visitar o pessoal que eu não via há cinco anos. Almoçamos no Grisante, contratamos os passeios para os dias seguintes e ficamos vendo o dia passar...

Domingo - 09/10: Roteiro I - Poço do Diabo, Lapa Doce, Pratinha e Pôr do Sol no Pai Inácio

Fechamos os roteiros com a Cirtur, indicada pela Graça, que já teve sua própria agência, mas agora gerencia um pousada lindérrima: a Mirante de Lençois (só descobri quando cheguei por lá, mas já havia reservado outra pousada). Cheguei a conclusão que os roteiros são sempre os mesmos e a diferença está na época do ano e nos guias que sempre são uma admirável surpresa. Na Cirtur, nosso guia foi o Nelson, não deixou nada a desejar à minha preferência pelo Jaime nos anos anteriores (mas este estava trabalhando na Nas Alturas).

Saímos numa doblô com o Nelson no volante, o Kei, japonês que veio ao Brasil para aprender o português por um ano - já matriculado na UFBA (duvido que retorne ao Japão), dois loirinhos alemães (que pareciam um casal), eu e meu filhote. Bruno colou com o japonês e ensinou um monte de besteiras brasileiras... A primeira parada foi na estrada para mirar de baixo e fotografar tanto o Morro do Pai Inácio quanto o Morro do Camelo. Seguimos para o Rio Mucugezinho, onde fizemos a trilha de 900 metros com direito a tchibum no Poço do Diabo.
Atravessar o poço a nada me trouxe excelentes recordações: em 2003 não pude atravessar porque não sabia nadar. Ao retornar ao Rio, me matriculei em uma escola de natação e em 2004 ao voltar pela segunda vez à Chapada, consegui nadar naquele imenso copo de coca-cola.


Segunda parada: Gruta da Lapa Doce. Foi o local que o Bruno mais gostou. Fica localizada no município de Iraquara. Dos 22 km mapeados, apenas 850 metros são abertos à visitação. Sua dolina (depressão externa formada pela dissolução ou desmoronamento de material calcário) surpreende pela grandiosidade --72 metros de altura. Seu maior salão não fica atrás: tem 60 metros de largura.  Ampla, arejada e quase toda plana, a Lapa Doce diferencia-se da maioria das cavernas da região. De seus três salões, só um pode ser visitado.
De suas formações destacam-se os lagos de travertinos, as cortinas, as asas de anjo e o lustre. Há uma escultura que dá asas à imaginação: eu vi um pênis (tarada?!... rsrsrsrs).
Sete quilômetros adiante chega-se à Fazenda da Pratinha, onde ficam as grutas Pratinha e Azul. Uma pena qeu virou um local meio comercial, mas ainda assim o mergulho na caverna por ser mais caro, fica mais seletivo e vale a pena.


Com a mesma água transparente e azul dos poços Encantado e Azul, o lago da gruta Azul fica escondido sob as raízes aéreas de uma árvore da fazenda e tem comunicação com a Pratinha. Para chegar até ela há uma pequena, mas íngreme descida.


Uma das curiosidades dessa lagoa são os microbúzios, ou o que o restou deles. Parte dessas minúsculas conchinhas que forram o leito do rio foi pisoteada e destruída. As plantas aquáticas, antes abundantes no rio Pratinha, também sofreram interferência humana. Atualmente, o rio mais parece uma piscina.


Gruta Azul

Mergulho livre na Pratinha

 

Para fechar o dia com chave de ouro, subimos o Morro do Pai Inácio para o pôr do sol, com direiro a presença da lua no mesmo cenário. Em todas as minhas viagens à Chapada, o Pai Inácio fez parte do roteiro, mas dessa the sunset fez toda diferença!




Ao retornar a Lençois, paramos na Casa de Massas Maria Bonita, onde comi a melhor bruschetta da minha vida!!!



Segunda - 10/10: Poço Encantado e Poço Azul
O grupo estava mais extenso hoje: uma israelense que falava espanhol fluentemente, os dois irmãos de Niterói que estavam no nosso busão Salvador-Lençois, duas baianas divertidíssimas, novamente o Kei, eu e Bruno, nosso guia Nelson e o "moto".
Primeira parada no Poço Encantado, dessa vez mais fácil de descer, pois melhoraram a condição dos degraus da gruta. Continuo louca pra mergulhar nesse poço, mas é proibido... buá buá...


Seguimos em direção ao Poço Azul. A paisagem mais uma vez estava muito diferente... muito seca. O rio que atravessávamos na plataforma abaixo, foi atravessado à pé.



A estrutura do Poço Azul também melhorou bastante, sem afetar em nada o mergulho MARAVILHOSO... Acho que o feijão mulatinho com pimenta do restaurante estava enfeitiçado, pois bati um pratão sem nem me preocupar em contar os pontos...



Visual da varanda do restaurante

O retorno a Lençois foi calmo e tranquilo e optamos por descansar para o dia seguinte, pois sabíamos que a trilha de 14Km seria punk.


Dia 11/10 - Cachoeira do Sossego

Eu poderia jurar que não aguentaria a trilha de 7Km de ida e 7Km da volta. Mas valeu cada centímetro percorrido, pois a sensação de paz ao chegar é inigualável. Eu perdi a voz. Agradeci à Deus pela oportunidade de estar tão proxima da prova de Sua criação. Essa cachoeira era inédita, pois nas quatro visitas anteriores eu sempre "arregava". A trilha é pesadérrima, pois grande parte é sobre as pedras (escaladas e agachamentos). Imagina uma aula de musculação de 6 horas...







É claro que ao chegar a Lençois, tudo que eu queria era comer algo mais consistente. Cheguei me arrastando no Gristante, pedi uma cerveja super gelada e encarei uma carne de sol, Sonia me acompanhou enquanto a garotada foi atacar um açai na rua vizinha. Excelente dia... 



Dia 12/10 - Lençois x Salvador

Retornamos no primeiro busão para Salvador, direto pra o Aeroporto rumo ao Rio, afinal no dia 13 o trampo me aguardava ansiosamente (eu nem tanto)...

Não acredito em me despedir da Chapada e ainda desejo que minhas cinzas sejam espalhadas do alto do Pai Inácio. Só que agora, com mais um detalhe: no pôr do sol.